domingo, 18 de março de 2012

RESENHA CRÍTICA 1


RESENHA

LOPES. Amanda Cristina Teagno. Educação Infantil e registro de práticas. São Paulo: Cortez, 2009.

Amanda Cristina Teagno Lopes é pedagoga, mestre em educação pela faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP). Atua como professora de Educação Infantil na prefeitura de São Paulo e assessora o Departamento de Normas Técnicas e Orientações Pedagógicas da Secretaria Municipal de Guarulhos. Além do universo infantil, a autora ministra cursos e oficinas voltadas ao processo de formação continuada de educadores.
O livro Educação infantil e registro de práticas faz parte da Coleção Docência em Formação que tem por objetivo oferecer suporte teórico aos docentes para que possam atuar ativamente na sociedade brasileira contemporânea, considerando seu contexto histórico, social e cultural. Outro aspecto da coleção é o investimento dos autores (as) na valorização do professor enquanto agente principal de mudanças no sistema de ensino brasileiro, e por isso, busca também, conhecer e resignificar a identidade deste profissional, problematizando e analisando as situações da prática de ensinar e a capacidade de tomada de decisão dos professores na realidade em que atuam.
Assim, os livros desta coleção subsidiam a formação inicial e continuada de professores de creches e pré-escolas, ensino fundamental e médio, ensino superior, educação profissional, educação de jovens e adultos baseando-se no investimento do desenvolvimento profissional e oferecendo formação teórica, a fim de tornar a pesquisa componente essencial da/na formação, valorizando a docência como atividade intelectual, critica e reflexiva.
Lopes apresenta seu livro, fruto de sua dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, sob orientação do professor doutor José Cerchi Fusari. É uma pesquisa que possui raízes históricas na vida da autora, uma vez que há essências de sua prática como professora de Educação Infantil, onde iniciou suas reflexões acerca da pratica de registros.
O livro é organizado em quatro partes:
Capítulo I, em que a autora realiza uma “roda de conversa” com alguns autores, em torno de conceituar o termo registro, considerando as diversas linguagens e criança como produtora de praticas.
Participaram desta discussão Madalena Freire (1983-1996), Paulo Freire (1993), Cecília Warschauer (1993, 2001), Miguel Angel Zabalza (1994) e Júlia Oliveira-Formosinho (2002), e claro, Amanda Cristina T. Lopes.
Os autores refletem sobre os diversos tipos de registro (diários, portfólios, imagens, planos de aulas, etc.) que se constituem documentos favores na/para a prática pedagógica reflexiva, que considere a observação, a leitura da realidade, ou seja, próprio ato de estudar e registrar o que se vive. Para isso, segundo a autora, é preciso que os docentes desmistifiquem a idéia/identidade de cuidadores de criança para pesquisadores que incluam em suas vivências e estudos, teóricos e pesquisadores.  
Ainda no capitulo I, outros elementos também são mencionados como fatores importantes para a construção de memória e história por meio do registro, como o contexto e as condições de trabalho que favorecerão ou não nestas práticas; a valorização da criança como produtora de registros, construtora de cultura e história (onde o desenho é a principal forma de linguagem); e a reflexão acerca dos textos que os docentes lêem e constroem no decorrer de suas práticas.
No capitulo II, a autora recupera na história da educação infantil de São Paulo e na história da educação no Brasil, registros de práticas realizadas em épocas passadas, dando ênfase ao registro no contexto da Educação Infantil e mais propriamente na pré-escola de escolas publicas.
A história da educação escolar em São Paulo teve inicio em 1554, com a criação do Colégio dos Meninos de Jesus em São Paulo de Piratininga. A autora percebeu que nesta época a educação apenas cumpria os preceitos médico-higienistas e de jogos, ginástica e educação física, uma vez que não se pensava no professor reflexivo, na complexidade da prática, e por isso, não havia sentido a produção de registros com estas finalidades. Encontrou apenas algumas fichas (prontas para preencher) de acompanhamento de desenvolvimento físico, e, alguns relatos descritivos de atividades realizadas com as crianças, essencialmente prescritivos, com um modelo a se seguido.
No Instituto do Distrito Federal (Rio de Janeiro- 1932 a 1937), o registro apareceu como “[...] instrumento de disseminação de novo paradigma, elemento de mudança e de formação de pensamentos”. (LOPES, 2009, p. 91).
Enfim, neste capitulo a autora nos situa em processos históricos do contexto brasileiro que nos ajudam a resgatar e formular o conceito de registro, memória e história do profissional que trabalha na educação publica infantil.
No capitulo III, Lopes recupera a sua prática enquanto professora de crianças, buscando em seus registros, desvendar o que querem dizer e como contribuíram em seu desenvolvimento profissional e melhoria da sua prática. Ela nos evidencia, aqui, que a produção de saberes acontece desde o planejamento das atividades até o produto final das mesmas e que “por trás” disso existem políticas publicas, produções teóricas, documentos legais, que exercem importante papel no registro de práticas docente.
No capitulo IV faz sua considerações finais, destacando o professor como autor de sua prática, a atividade pedagogia como ação complexa e em processo de construção, as crianças como agentes ativos em sua educação, o registro como memória e história, e a necessidade da formação continuada para professores.
Não há duvida que este livro contribui de forma positiva para a formação continuada de professores, pois aborda importantes questões acerca da educação infantil, em que, a observação e o registro são instrumentos essenciais ao processo de avaliação, aprendizagem e desenvolvimento da criança, além de serem instrumentos de construção da memória e história de uma determinada época e contexto educacional.
Bruna F. G. de Araujo
Professora da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande MS e pós-graduanda do Instituto Superior da Funlec-IESF, em Educação Infantil e Suas Linguagens.


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